Dom Casmurro | Machado de Assis

Edição ebook do Projecto Adamastor

Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo, devagar, e ficámos a olhar um para o outro… Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falámos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exacta daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres.

Ao contrário de todos os livros que escrevo aqui, Dom Casmurro será dos poucos onde uma sinopse não faz sentido. A sinopse conta o livro inteiro o que tornou a leitura bastante demorada tendo em conta que as primeiras duas frases da sinopse são 90% do livro e a ultima frase é o resto do livro. Por isso vocês se perguntam… por que é que quero ler um livro onde a sinopse conta a história toda? Não é para isso que lemos os livros? Para descobrir a história? bem neste caso não, nem por isso. Se querem saber a história leiam a sinopse e poupam o trabalho de lerem 330 penosas páginas onde a personagem principal, Bentinho (Dom Casmurro mais tarde) tenta desistir pelo seminário pela 45º vez para agradar a mãe.

Então a pergunta que se coloca é para quê ler Dom Casmurro? Ora porque a diversão da leitura não está no que está a ser mostrado ao leitor mas sim o que está a acontecer por trás, é o que o leitor não assiste e terá de entender para compreender o que as personagens estão a fazer.

Primeiro e mais importante, o livro é narrado por Bentinho, na primeira pessoa. Este tipo de narração é sempre bastante enviesado por estarmos a assistir a uma narrativa apenas com uma perspectiva. Nisto o leitor tem de estar bastante atento ao que Bentinho comenta e observa – a sua mãe e a sua obsessão com ele ser padre; Capítu que Bentinho acha linda mas José Dias a acha com “olhos de cigana” e “dissimulada” e até mesmo o amigo Escobar.

O leitor apercebe-se bastante rápido que Bentinho é tímido e muito pouco perspicaz, precisando constantemente de ajuda para fazer tudo na vida. A sua mãe quer que ele seja padre e Bentinho segue esse desejo; em jovem nota Capítu e assim que se apercebe que a jovem devolve os mesmo sentimentos tenta livrar-se de ser padre com a sua ajuda e a de José Dias. Bentinho quase nunca faz as coisas por vontade própria sendo preciso Capítu pressionar para que eles possam ficar juntos um dia. O sentimento que o leitor fica ao assistir à narração é que Bentinho vive a vida que os outros querem para ele e não a que ele quer para si. Não existe nenhuma declaração de amor que Bentinho faz a Capítu e bastantes vezes é a própria Capítu que tem de ameaçar ou tomar acção para que Bentinho ande das pernas.

Por aqui notamos que Bentinho é bem mais privilegiado que Capítu, onde Bentinho ao nascer teve a sua vida toda planeada pela mãe, Capítu precisa de efectivamente ser pro-activa e, por isso, é mais desenrascada e consegue mover mais a plot a seu jeito. Capítu pode ver em Bentinho um partido fácil de manipular e que lhe poderá dar uma vida confortável com luxos ao qual ela não tem acesso na sua infância. Bentinho vê em Capítu se calhar a única forma de conseguir uma vida sem ser a mando da mãe. Através do diálogo que Bentinho tem com a sua família compreende-se que ele não tem nenhum plano para quando chegar a padre. A sua vida seria vazia e sem sentido, ao passo que Capítu pode ser a forma dele se sentir como um homem de “família”, uma figura de poder e liderança que é a antítese da sua verdadeira personalidade.

Se Bentinho na primeira metade do livro é alguém insonso sem grande personalidade, após o casamento com Capítu a sua personalidade é revelada num homem mesquinho e aborrecido. Bentinho quer um filho e, embora demora algum tempo, Capítu consegue dar-lhe um. Mais tarde Bentinho nota que o filho não tem os seus tiques mas sim os tiques de outra pessoa, o seu melhor amigo, Escobar. Esta mudança em Bentinho dá-se quando vê Capítu a olhar com alguma adoração para Escobar e começa a desconfiar de uma possível traição por parte da mulher. Já que ele nunca desconfiara de tal traição, o leitor é também apanhado de surpresa. Bentinho continua a ver no seu filho a imagem do seu antigo amigo o que o leva a ciumes loucos, mesmo que Capítu negue tal traição.

E no final do livro temos a verdadeira questão do livro. Após termos lido toda a narração de Dom Casmurro, quem teria razão: Capítu ao dizer que não traiu e que Bentinho estava louco ao insinuar tal coisa, ou Bentinho?

Caro leitor – não existe resposta correta, contudo a minha é simples:

Capítu é inocente!

  • Primeiro: Capítu nunca demonstra admiração por Escobar até ao momento do funeral e mesmo nesse momento Dom Casmurro está a ver uma reacção que e ele lhe parece de adoração. Na verdade Capítu poderia estar a ver em Escobar a figura de Dom Casmurro falecido e ela no papel de viúva.
  • Segundo: Dom Casmurro vê em Escobar um amigo e tem uma certa adoração cega por ele, mais até do que Capítu. Ao ver o corpo de Escobar e a reacção de Capítu, Dom Casmurro pode ter ficado com ciumes de Capítu por não conseguir expressar o sentimento de adoração ao ver o corpo.
  • Terceiro: A partir do funeral todos e quaisquer relatos feitos por Dom Casmurro são enviesados. Dom Casmurro já tem na sua cabeça a ideia de Capítu dissimulada e “olhar de cigana” como se fosse um olhar de uma adultéria. Mesmo que o filho não se pareça nada com o melhor amigo, nunca Dom Casmurro irá admitir isso por na sua cabeça a sentença já estar feita.

Apesar de achar que Capítu é inocente da sua traição e que Dom Casmurro conseguiu de facto produzir um herdeiro; o filho prova apenas que ele nunca conseguiu ser um homem de família/um chefe. A antítese de Escobar, um homem de família com bons negócios e uma boa família, Dom Casmurro perde tudo: o seu melhor amigo, a sua mulher e o seu filho tornando-se um homem vazio, já não é o chefe da família e já não é pai. A este ponto se calhar o leitor já notou que esta história é bastante parecida com a peça “Othelo” de Shakespeare…. Contudo existem pequenas diferenças que tornam Dom Casmurro mais amargo. Ao contrário de Othelo que se apercebe da injustiça, Dom Casmurro não tem a benesse de ter uma conclusão, é a sua própria casmurrice em negar-se a se calhar ver o óbvio que leva a que o seu final sozinho seja um bocado justiça poética. Othelo fora enganado e decidiu o seu destino; Dom Casmurro teve apenas a si próprio a culpar e viverá sozinho sem ser tudo aquilo que podia ser: um pai e um marido.

Dom Casmurro não é para ser lido como um livro onde descobrir a história é o mais importante mas sim a opinião do leitor no seu final. O que interessa no final não é se gostou do livro ou não, mas sim Capítu traiu ou não traiu?

Fahrenheit 451 | Ray Bradbury

Guy Montag é um bombeiro. No sue mundo, onde a televisão reina e a literatura está no ponto de extinção, os bombeiros começam fogos em vez de os extinguir. O seu trabalho consiste em destruir as comodidades mais ilegais, livros impressos assim como as casas onde estão escondidos. Montag nunca questiona a destruição e a ruína que as suas acções produzem, regressando todos os dias à sua vida e esposa insípida, Mildred, que passa o dia a ver televisão “familiar”. Mas quando conhece uma vizinha nova e excêntrica, Clarisse, que lhe mostra o passado, onde as pessoas não viviam com medo e o presente onde ninguém vê o mundo através dos livros, em vez da tagarelice oca da televisão.

Fahrenheit 451 era dos poucos livros que me faltavam ler daquelas listinhas de 100 livros que deve ler antes de morrer. Não é o primeiro livro de Bradbury que leio mas sabia que este seria o mais conhecido.

Ler um livro sobre livros

A prosa tem laivos de surrealista e muitas vezes parece que estamos a assistir a um fever dream da vida de Montag. Por vezes na prosa parece que desaparecem detalhes de algumas cenas que ajuda o leitor a sentir-se com desalento em relação ao que as personagens sentem. Montag e o Capitão Beatty são as duas personagens que conseguem transmitir melhor os sentimentos ao que os rodeia. Montag mostra a sua vida e a sua relação estagnada, completamente desprovida de sentido e de sentimentos, ao passo que Beatty é um homem que aceita a nova ordem do mundo mas é dotado de inteligência e cultura. Nas interacções que ambas as personagens entram, Beatty possui bastante sabedoria e parece que é uma pessoa que já leu livros, no entanto prefere fechar os olhos a isso e continuar a trabalhar para a censura. Homens como o Beatty são os mais perigosos: sabendo falar e sabendo raciocinar, ele manipula aqueles ao redor deles, ignorantes, para continuarem a fazer o seu trabalho. Um homem que questiona e não cumpre a lei, é para Beatty alguém que não merece viver.

451º F (233º) é a temperatura na qual um livro pode arder

Quem é o vilão de Fahrenheit 451?

Embora a nível simbólico, uma sociedade distópica é quase sempre a vilã principal, em Fahrenheit 451 os vilões são as próprias pessoas que têm o poder de mudar dado que se lembram de um tempo com livros, contudo simplesmente preferem continuar a viver num mundo onde o entretenimento é banal e sem esforço. Acesso a um livro significa conhecimento e poder, significa poder sentir e Montag vive num mundo sem conhecimento e sem sentimentos. A sua relação com Mildred é bastante notório a ausência de sentimentos entre o casal. O entretenimento provocado pela televisão e pelo conteúdo light produz resultados nefastos para Mildred que não se apercebe do seu estado suicida. Ao consumir o conteúdo familiar leve de forma constante como a sociedade deseja deveria de produzir uma felicidade e sentimento de alívio na vida de Mildred. Ela vive a ideia de ignorância ser uma bênção e tal como a sociedade: Mildred diz-se feliz mas as suas acções contradizem essa felicidade. E numa cena Montag aprende isso também: que tal como Mildred existem mais pessoas que apesar de aparentarem estarem contentes, por dentro estão num estado de depressão e alienamento grave. Optando por continuar na ignorância, tal como as outras pessoas, deixam ser alimentadas propaganda e conteúdos ocos de forma a poderem continuar a vida de mentira.
Mildred, tal como Capitão Beatty, aceitou a nova ordem do mundo e enquanto estiver sempre ocupada mesmo que seja consumindo lixo que a deixa num estado depressivo, não sabendo que há melhor ou nem sequer tentando buscar melhor, torna-a uma pessoa dissociativa.

Se a sociedade e as pessoas são, nesta minha análise, as antagonistas, faz sentido que Montag seja o herói. Ele é alguém que participa na destruição do conhecimento, reconhece que está errado e torna-se no instrumento de revelia contra a ignorância. Montag usa o fogo para destruir o conhecimento, mas também para o ajudar a escapar e conseguir reeducar o mundo para que o conhecimento nunca se perca.

O quão actual é Fahrenheit 451?

Na era do Tiktok? De Fake news? Atreveria-me a dizer que Bradbury é um Nostradamus de entretenimento. Quando deveríamos de ter mais acesso a literatura através de ebooks, bibliotecas, clouds etc é quando os níveis de leitura continuam bastantes baixos em muitos países, sendo Portugal um deles. É assustador ligar a televisão a um domingo nos canais portugueses e ver exactamente o mesmo conteúdo que passa durante a semana de manhã e de tarde. É fascinante ver como hoje em dia mesmo tendo acesso a toda a informação que queremos, o livro continua a ser visto como luxo, elite, quando na verdade é algo essencial para a sociedade. Que curioso que Bradbury tenha colocado a sociedade a aceitar entretenimento leve e familiar sem questionar quando hoje em dia temos nas redes sociais e na televisão exactamente isso.

(Alguns) Livros lidos em Outubro

Deslocada entre deuses e os seus pares, Circe procura companhia no mundo dos homens, onde descobre que possui o poder da feitiçaria, capaz de transformar os rivais em monstros e de aterrorizar os deuses.

Sentindo-se ameaçado, Zeus decide desterrá-la para uma ilha deserta, onde Circe aprimora as suas habilidades de feiticeira, domando perigosas feras e cruzando-se com as mais famosas figuras de toda a mitologia grega: o engenhoso Dédalo e Ícaro, seu filho, a sanguinária Medeia, o terrível Minotauro e, claro, Ulisses.

Mas os perigos são muitos e Circe terá de decidir, de uma vez por todas, se pertence ao reino dos deuses, onde nasceu, ou ao dos mortais, que ela aprendeu a amar.

Circe foi a minha estreia com Madeline Miller, sem conhecer a sua obra “Circe” ficou aquém das expectativas. Depois de ver tantos elogios à obra estava à espera de algo que me arrebatasse… mas para quem leu a Íliada e a Odisseia sinceramente não achei o romance de todo apelativo. Esperava que Circe fosse escrita de uma forma que o leitor a compreendesse, que sentisse e quisesse estar do seu lado, mas apesar de tudo havia certas cenas que pareciam apressadas e sem qualquer emoção. O mesmo para a maioria das personagens, conseguem exprimir raiva mas paixão, amor e tristeza é difícil de conseguir sentir isso pela personagem. Não sei se foi pela tradução, mas a escrita pareceu-me por vezes demasiado objectiva. Não é um mau livro para saber mais sobre mitologia, mas não passou do morno.

Dez dias antes do casamento, Poppy perde o anel de noivado. Desesperada, Poppy começa a telefonar a toda a gente para pedir ajuda e alguém lhe arranca o telemóvel da mão! Também o roubaram! Como irão agora avisá-la se encontrarem o anel? E, imediatamente, Poppy vê um telemóvel num caixote do lixo, um telemóvel abandonado de que ela precisa urgentemente. Poppy dá o seu novo número a todos os amigos e também atende as chamadas recebidas e lê as mensagens endereçadas à anterior proprietária, a secretária (que acaba de se demitir) de Sam Roxton, um empresário importante. Enquanto continua à procura do anel, Poppy mantem-se em contacto com Sam Roxton, o novo proprietário do telefone. Sam vai deixá-la ficar com o aparelho, desde que ela lhe reencaminhe todas as mensagens que receber, mas às vezes Poppy responde por Sam em assuntos profissionais e também pessoais. Não se contém. Sam também começa a opinar sobre a vida de Poppy, o seu casamento, sobre os sogros e até sobre o noivo, que talvez, não seja tão maravilhoso como ela pensava.

Ok Ana mas não podes dizer que este livro é melhor que o da Circe, né?

Er… posso e vou! Primeiro porque são de genres diferentes e dentro do “chick-lit” este livro é muito bem escrito e segundo porque é um livro divertido. A personagem da Poppy é muito bem construída e os diálogos são amorosos além de que há muitas situações que humanizam bastante a plot que é claramente fictícia. Mas o romance é gradual, a história sofre de alguns percalços típicos de romance mas sem nunca ficar aborrecido. E no final, claro estamos a torcer para que tudo fique bem. Num mundo de caos e de incertezas é sempre bom ter um romance para nos fazer sorrir e este é mesmo para isso.

O meu novo chefe adora impor regras. E há uma que ninguém se atreve a quebrar: nunca tocar na banana dele. A sério. O tipo é viciado em bananas. E eu, claro, fui logo tocar na dele. Pior, pu-la na boca. Mastiguei… e até engoli. E foi nesse momento que ele apareceu. E, acreditem em mim, foi mau. Muito mau! Mas deixem-me começar pelo início… Antes de tocar na banana de um bilionário, eu tinha acabado de conseguir o meu primeiro trabalho a sério como jornalista. Nada das tretas do costume. Nada de entrevistas a lixeiros sobre as suas rotas preferidas, ou artigos sobre a importância de apanhar caca de cão nos jardins. Já dei para esse peditório. Esta era a minha grande oportunidade. Podia provar ao mundo que não era uma trapalhona. A missão: infiltrar-me na Galleon Enterprises para investigar as suspeitas de corrupção. Já estão a ouvir a banda sonora do James Bond a tocar, não estão? Eu ia ser um sucesso. Só tinha de conseguir o lugar de estagiária e não dar cabo da entrevista com Bruce Chamberson. Agora avancem até ao momento imediatamente antes da entrevista. Sim, eu sou aquela ali de banana na mão. Uma banana com o nome dele escrito a marcador preto. É aí que ele entra e me apanha em flagrante de fruta na mão. Pouco depois, contrata-me. Pois, eu sei. Também a mim me pareceu estranho…

Se eu andava alienada em relação a muitos lançamentos, este passou-me completamente ao lado até me deparar com o e-book. Parecia mesmo uma armadilha com o meu nome e uma nota a dizer: READ ME! Isto é o que eu por norma denomino de 90% sex 10% plot e a plot já todos sabemos ao que vamos. É a plot vai ser pinanço – do estilo dos memes: I watch this movie for the plot e a plot é um belo de um rabo – aqui não há como enganar, está na porra do título a banana. Nem é um eufemismo, está lá no título, na capa, na sinopse… só faltam setas neon a apontar e dizer: c’est ne pas sérieux. Mas é um livro de humor, leve, previsível e eu achei ofensivo a forma como trataram bananas verdes porque eu sou esse tipo de psicopata que come as bananas verdes… salvo seja. Se não gostarem de humor brejeiro nem vale a pena pegarem, mas se quiserem algo para ler numa hora só para ficarem de bom humor vale a pena.

Doidos por livros | Emily Henry

Nora vive para os livros. É agente literária e defende os seus escritores apaixonadamente.
Charlie é editor literário e tem o dom de publicar bestsellers. E é o inimigo n. º 1 de Nora.
Nora adora a sua profissão e não se imagina a viver noutro sítio que não Nova Iorque. O que ela não adora é a sua vida amorosa. Já perdeu relações suficientes por não se conformar com o papel de namorada dócil e caseira. Está farta! Por isso, quando a sua irmã, Libby, lhe propõe uma viagem a duas, Nora aceita. Sunshine Falls, uma amorosa vila na Carolina do Norte onde decorre a ação do bestseller do momento, está longe de ser o seu destino de férias ideal. Mas Libby escolheu esta radical mudança de cenário de propósito para incentivar a irmã a viver a vida de forma real e autêntica e não apenas através dos livros. Durante um mês, Libby tudo fará para que Nora seja a protagonista da sua própria história (romântica, de preferência).

Mas em vez de piqueniques em prados, encontros casuais com um atraente médico de província ou lenhador escultural, Nora está sempre a dar de caras com… Charlie, que teve a lata de rejeitar um dos seus livros, anos antes. Nora não é nenhuma heroína. Charlie está longe de ser um herói. Mas à medida que continuam a esbarrar um no outro – numa série de coincidências típicas dos melhores romances -, o que descobrem sobre si próprios supera (de longe!) a ficção.

Uma pessoa já estava a perder a esperança de ler um livro com um certo hype que correspondesse a isso mesmo. Li o Circe e não me encheu as medidas, li o Como matar a tua família e foi ok nada de especial, por isso em “Doidos por livros” estava a minha esperança que a coisa ia dar para o bem.

Ora este livro é sobre uma agente e um editor de livros – euzinha que já fui editora estava mesmo a ver como é que o Charlie ia ser e adorei-o. A história e as personagens não são nada de inovador, nem de profundo mas no geral até estão bem expostas e especialmente o Charlie no início é alguém que de certeza alguém no mundo literário já teve uma interacção. O livro é chick-lit, é leve, bem-disposto, os diálogos são bem escritos mas há uma coisa que eu vos digo que me fez muito feliz: a felicidade e a emoção com que o Charlie e a Nora falavam dos manuscritos.

Muitos editores ao lerem o manuscrito sentem também a felicidade quando lêem algumas passagens e também pensam na forma de alterar/melhorar certas partes. Assistir às personagens a serem como pessoas e a vibrarem com passagens, a serem honestos com certas partes que não achavam tão boas foi algo que me fez sorrir de novo ao ler um livro. E eu sou uma pessoa muito preocupada com rugas por isso não posso sorrir à toa!

“Doidos por livros” foi escrito por uma pessoa que adora livros para quem adora livros e vai ser certamente adorado por muitos leitores. As cenas meio flirt entre o Charlie e a Nora estão muito bem escritas e quando se nota já estamos a 80% do livro e nem sabemos para onde o tempo foi – mas esses são os melhores livros, certo? Aqueles que começamos e nem damos pelo tempo passar. Aqueles que acabamos e ficamos contentes por termos tomado a decisão de ler o livro.

Como Matar a Tua Família | Bella Mackie

O ROMANCE DE ESTREIA COM ENTRADA DIRETA PARA O N.1 DO TOP DE VENDAS DO REINO UNIDO

  • Matar a minha família
  • Não ser apanhada
  • Adotar um cão

Eis Grace Bernard: irmã, colega, amiga, serial killer… Grace perdeu tudo. E agora quer vingar-se. Quando Grace Bernard descobre que o seu pai milionário ausente rejeitou os pedidos de ajuda da mãe moribunda, ela jura vingança e prepara-se para matar todos os membros da sua família. Os leitores têm um lugar na primeira fila enquanto Grace elimina a família um a um – e o resultado é tão macabro quanto divertido nesta brincadeira maldosamente escura sobre classe, família, amor… e homicídio.

Existem romances que uma pessoa lê a sinopse e não sabe bem ao que vai, alguns acabam por surpreender, outros desiludem porque o romance não é tão torrido quanto esperávamos, mas “Como Matar a tua família” não esconde na sinopse ao que se propõe. A história é mesmo aquela e ninguém vai ao engano a pensar “ela não vai meeeesmo matar a família”, pegamos no livro porque queremos ver quem é a Grace e como é que ela vai matar um a um.

O livro é escrito pela POV da Grace, o que ao início limita um bocado o acesso a certos conhecimentos para fazer juízos de valor em relação a tudo que está a acontecer. Apesar do narrador presente nem sempre ser o mais vantajoso para estabelecer contactos com todas as personagens, neste livro faz sentido.

Grace explica a sua personalidade, como é, o que vai fazer, diz coisas como: “Não sou um monstro”, mas com o tempo o leitor começa a não associar o que ela diz com as suas ações. Porque embora ela nos alimente informações sobre o seu passado, sobre a forma como a mãe foi tratada e isso, Grace é uma personagem muito difícil de simpatizar com. E não é pela forma como ela escreve as suas experiências, porque ela descreve momentos de raiva, alívio, dúvida, mas como pessoa ela é mesmo fechada emocionalmente. Nota-se isso com a forma como ela se relaciona com as outras pessoas, com uma certa apatia e muitas vezes só mesmo para chegar a um objetivo. Ela ama um homem, mas não ama mesmo porque nunca temos da parte dela um sentimento que associamos ao amor. Ela preocupa-se, mas depois não consegue transmitir essa preocupação como uma pessoa normal. Isto tudo fica difícil nós próprios termos alguma empatia por ela, porque mesmo da parte dela não há grande arrependimento ou sequer pensamento: eles são maus, eu sou boa – eles merecem morrer, eu não mereço ser presa.

Este apecto mais complexo da personalidade dela podia ter sido mais desenvolvido com outras cenas até uma POV de outras pessoas podia ajudar a formar uma opinião mais concreta. O leitor não vai ter pena dela mas também não está a torcer para que ela ganhe. Até porque se estiver a torcer, estão a torcer por uma serial killer…

Alguns capítulos são muito bem escritos, principalmente onde a Grace mata a família, mas o livro precisava de menos capítulos de com o passado dela. Primeiro porque esses capítulos não acontece nada de especial, segundo ela é uma pessoa fria e distante e muitos deles são um bocado vazios e até quebram um bocado o ritmo da ação. Não vou fazer um top dos homícidios mas há dois que batem forte cá dentro e deram um folgo bom ao livro.

“Como matar a tua família” é um romance levezinho ainda que a temática possa não parecer e vale o investimento para provocar um mini ataque-cardíaco aos domingos em família quando vai o povo que não podemos ver nem pintados. E se tiverem com ideias de replicar algumas cenas, lembrem-se dos episódios de CSI!

Limões na Madrugada | Carla M. Soares

36485133Ansiosa por regressar à Argentina, mas presa a Portugal, distante do homem que ama e da mulher com quem vive, Adriana está perante um dilema universal e intemporal: manter-se comodamente na ignorância ou desvendar o passado da família, como se de um caso policial se tratasse, enfrentando assim aquilo de que andou a fugir toda a vida, por mais doloroso que seja.

Num jogo magistralmente imaginado pela autora, entre a vida atual de Adriana e os ecos do Portugal antigo, machista e violento dos seus pais e avós, esta história, de uma família e dois continentes, é uma viagem entre o presente e o passado, uma ponte sobre o fosso cultural que separa as gerações, um tratado sobre tudo aquilo que a família pode fazer à vida de um só indivíduo.

Entre a sombra e a luz, deixando que por vezes os silêncios falem mais alto do que as palavras, Limões na Madrugada é um romance sobre o amor incomum, o poder da família e a necessidade da coragem.

UMA HISTÓRIA TÃO SUBTIL QUANTO IMPLACÁVEL.

Nem sempre o trabalho de um crítico é fácil após a leitura de um livro. Há uns bons anos que deixei de escrever críticas a livros graças ao factor repetição. Quando sentimos que somos um disco riscado e que nada de novo é acrescentado preferimos pausar até que a chama se reacenda. E ela reacendeu ontem no meu voo de Malta para Lisboa. Tinha iniciado a leitura de Johannes Cabal e lido 30 páginas com até entusiasmo mas num voo de 3h com bastante turbulência não me via a ler um livro tão grande e que, suspeito, irá pedir mais de mim do que apenas umas horas. E lembro-me que tinha finalmente um livro da Carla Soares em ebook! Li o primeiro livro da Carla em ewook há muitos anos (ainda morava com os meus pais) e o seguinte dela pela Coolbooks nunca chegou a ser lido não me questionem o motivo. A verdade é que estou em falta para com a Carla na leitura dos seus livros.

Hoje estourou a net e tal como no avião sem acesso ao wifi para me roubar do prazer da leitura, decidi recuperar anos de escrita de crítica de livros.

Limões na madrugada auspiciava pouco menos de 200 páginas, um volume confortável para um voo chato e, conhecendo a “fluidez” de leitura (eu sei, eu sei conceito tenebroso mas não me ocorre mais nenhum de momento) e da maravilhosa escrita da Carla, sabia que em pouco tempo o livro estaria lido. Até que comecei a ler as primeiras páginas. Não havia muito da Carla antiga presente, mas por algum motivo continuei a ler. Se calhar esta Carla sempre existiu a nível da narração e na escolha de palavras e nós simplesmente nunca tivemos oportunidade de a ver.

Nos livros portugueses existe por vezes uma linha bem ténue do típico e do importado. A tarefa de mergir o estilo anglo-americano de escrita com o português não é de todo fácil. No entanto em Limões na Madrugada, Carla Soares manteve esse equilíbrio perfeitamente balançado. Existe uma forma de narrar típica portuguesa sem cair nos erros que muitos autores, até mesmo conceituados e galardoados cometem – o exagero, o pedantismo, o barroco sem nexo e oco só para ser intelectual, o ser grandioso e ostensivo porque se pode. Nada disso existe em Limões na Madrugada.

As personagens são humanamente perfeitas, mesmo a inclusão do tell é feito de forma harmoniosa a não causar aborrecimento e até mesmo os saltos na narrativa tornando-a tão pouco linear mas ao mesmo tempo tão fácil de seguir. Carla Soares não precisa de barrocos nem de pretenciosismo porque escrever e contar histórias está-lhe no sangue. Dar vida e sentimentos a personagens é algo natural nas suas narrativas. Não precisa de distrair o leitor para tentar ser algo que não é, uma história simples sobre o interior rural português da época de Salazar (receita para ganhar o prémio LEYA, tirem notas).

Existem poucas coisas das quais eu tenho certeza, mas que uma delas é que os livros da Carla M. Soares são todos espetaculares e valem a pena serem lidos faz parte dessa lista!

Onde estás, Audrey? | Sophie Kinsella

150x (1)Onde estás, Audrey?
Sophie Kinsella
Páginas:272
Editor:Porto Editora

Audrey é uma adolescente cheia de vida, igual a tantas outras. Com 14 anos, estuda, discute com os irmãos, sonha muito e confia cegamente nas amigas. Até ao dia em que essa confiança é destruída… Vê-se obrigada a deixar a escola. Sente-se incapaz de sair casa. E esconde-se irreversivelmente atrás de um par de óculos de sol.

Então, conhece Linus, um rapaz de sorriso simpático e comentários divertidos, que parece ser o raio de sol de que Audrey precisava.

Nunca tinha lido nada da Sophie Kinsella antes. A vibe dela do Louca por compras, A fada do lar não me atraía minimamente e não faz mesmo o meu estilo de leituras, mas depois ela lançou títulos como “Tenho o teu número” e “Diz-me quem sou” e decidi adquiri-los para leitura. Escusado será dizer que estiveram na estante até agora. Mudando de editora para a PE e sendo este mais YA o que tinha eu a perder? Após um jejum de muitas leituras estava preparada para enfrentar um YA… e gostei bastante.

Calma… a Ruiva disse, especificamente, que tinha gostado de um livro?

Ok calma aí, não é nenhum Nobel e tem falhas (we will get there in a minute) mas sim é um bom livro YA que aborda de forma bastante superficial temas que podemos debater com alunos na sala de aula.

As situações, os diálogos, as personagens são o que dão mais vida à história em si que não tem nada de particular, trata-se apenas de uma adolescente que está a ser acompanhada por uma psiquiatra e sabemos mesmo até ao fim que algo de mal aconteceu na escola e ela não consegue lá voltar. No meio temos a mãe, o pai, o irmão, Linus e a psicóloga. A mãe é provavelmente a personagem mais chata que já vi, como millenial compreender aquela mãe é uma tarefa muito difícil e acho que chega a um ponto em que talvez seja exagerada ou até mesmo uma caricatura para alertar possíveis mães que acham que o comportamento é normal. Aliás pode ser mesmo um debate interessante na sala de aula ou como projecto extra para os alunos (diria que este livro entre as faixas des 13-16 anos é ok), verificar que acções é que os alunos consideram da mãe justas (castigos/frases) e quais é que eles consideram um exagero e o mesmo para a figura do pai que até é mais passiva. Mesmo assim Audrey e Linus as interaçõs são engraçadas e as personagens jovens são dinâmicas e não existem momentos parados ou monótonos.

O livro aborda ainda outros temas além do bully, passa pelos videojogos, as relações interpessoais, a relação entre pais e filhos mas o problema é mesmo como o bully é retratado. Nunca vemos ninguém a ser mau para a Audrey não vemos ela a sofrer especificamente situações de bully e isso como leitora é algo que não afecta tanto a nível emocional. Sabemos desde o início que algo aconteceu mas é tudo lidado de forma com humor e o bully é mais uma desculpa para o conflito do que o conflito em si. O que, pessoalmente, é um bocado missing the mark mas também é bom para adolescentes dos 12 anos poderem ler sem ter cenas mais gráficas.

Por isso recomendo a leitura tanto a adolescentes como adultos para quem quer um livro sem grandes dramas e com muito humor.

Maresia e Fortuna | Andreia Ferreira

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Maresia e Fortuna
Andreia Ferreira
Páginas:318
Editora:Coolbooks
P.VP. 16.60€/papel
6.99€/ebook eWook

Sinopse:

O que é o verdadeiro amor?

Para Eduardo, de 17 anos, é a mãe e o irmão mais velho, Simão. Este, porém, tem um segredo que o empurra para a bebida e Eduardo receia que o seu irmão se suicide, tal como o pai de ambos o fizera, dez anos antes.

Júlia acredita que passou ao lado de um grande amor. Em busca da verdade que mudará a sua vida, regressa à vila de Apúlia para reconstruir um passado de que não se consegue recordar.

O caminho desta mulher perturbada está prestes a cruzar-se com o de Eduardo, trazendo à tona segredos, paixões agressivas e remorsos intemporais, com consequências devastadoras sobre a vida da outrora pacata vila piscatória.

Uma alegoria moderna de um clássico, onde os humanos se destroem sem precisarem de intervenção divina.

Maresia e Fortuna é o quarto livro de Andreia Ferreira e o primeiro de romance contemporâneo após uma viagem no mundo da fantasia paranormal. Apesar de ser num género diferente, o novo romance consegue seguir o mesmo tom quase fatalista e negro característico da autora. Se muitos autores demoram a conseguir encontrar a sua voz, Andreia Ferreira conseguiu-o no seu segundo livro, Soberba Tentação e ao contrário da trilogia, Maresia e Fortuna é mais carregado de temas e simbologia.

A identidade é o tema mais importante e, curiosamente, é também o tema fulcral do quarto livro da autora Célia Loureiro (curioso que tanto a Andreia e a Célia começaram na Alfarroba e conseguiram com mérito próprio passar para editoras de renome). Eduardo enquanto adolescente que não sabe o que seguir ou fazer do seu futuro, Júlia em busca da identidade de alguém muito querido e tentando ultrapassar o seu passado perturbado. Com forte inspiração nas tragédias gregas, o tom negro e fatalista do enredo vai deixando pistas aos leitores que, com alguma mestria, devem juntar as diversas peças.

Sendo, no entanto, o enredo tão envolto em segredos que qualquer crítica mais alargada poderá cair no spoiler, as personagens podem ser analisadas livremente. E, como nos Soberbas, existe uma barreira que algumas das personagens exibem que as deixa menos agradáveis. Não existem personagens “likable” e isso, dependendo do leitor, pode ser um fator dispensável. Contudo continuo a julgar que existe nos conjuntos das personagens criadas pela Andreia uma ausência de “bom” no mundo, as personagens são muito negras. Aprecio um bom anti-herói e um bom vilão e ainda assim há sempre um barreira na criação e no desenvolvimento através de diálogos e acções. Talvez a mãe e a sobrinha fossem as únicas personagens que verdadeiramente simpatizei. A sobrinha por ter diálogos vivos e bons e a mãe por representar de forma bastante realista o que uma mãe é. Eduardo e Júlia são duas personagens que é difícil centrar emocionalmente, ainda que a personagem da Júlia seja mais interessante a nível de temas, a nível de personalidade é complicado gostar dela.

Ainda assim, julgo que é um livro verdadeiro ao estilo que a autora se esforçou por desenvolver e que lhe é tão característico e que será algo novo para quem não é familiar com o registo da autora.

Maresia e Fortuna combina um registo de escrita menos formal com um enredo e personagens pesadas para um leitor que só procura um livro para se entreter. Contudo, consegue ainda se distanciar dos romances enfadonhos que possuem mais simbologia que enredo. Complexo para classificar e ainda mais difícil de explicar vale a leitura.

Material Girls: the Fiendish Pitfalls of Fashion

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(ARC copy given by NetGalley)
Author: Elaine Dimopoulos
Publication:  5th May 2015
Publisher: HMH Books for Young Readers
Review by Lady Entropy

“In Marla Klein and Ivy Wilde’s world, teens are the gatekeepers of culture. A top fashion label employs sixteen-year-old Marla to dictate hot new clothing trends, while Ivy, a teen pop star, popularizes the garments that Marla approves. Both girls are pawns in a calculated but seductive system of corporate control, and both begin to question their world’s aggressive levels of consumption. Will their new “eco-chic” trend subversively resist and overturn the industry that controls every part of their lives?         Smart, provocative, and entertaining, this thrilling page-turner for teens questions the cult like mentality of fame and fashion.
         
Are you in or are you out?

I really enjoyed this book. As someone who has a secret guilty pleasure reading fashion YA books (I request all I can find in NG), I was surprised to find this one to be a lot more than just designer name-dropping or reality shows stories.

There is actually a message behind it. And more importantly, there is actually consequences for the heroine’s actions.

Also, and something I can’t stress enough is important while writing outside our own era and reality, there is actual world-building.

It’s half past the near future, and creative jobs (like singing, acting, choosing fashion) are now handed only to “the elite”, teenagers who are selected upon joining high school for their skills. Teenagers go to work like adults, and earn the highest income of the house — assuming they are part of the elite. If not, they are limited to going back to school, and looking forward to becoming “baselines” and making a modest living at best.

Marla Klein might be past her prime (16 year old! ew!) but she knows fashion when she sees it — she refuses to compromise her taste and ideals, even when it means risking the wrath of her superiors. And that gets in demoted quickly to a mere fashion sketcher.

On the other side of the spectrum, we have Ivy Wilde, a singing sensation, the Wilde Child of the music world. She is tired of the falseness, the idiocy, the synthetic life people like her are expected to live just because the rest of the world is too stupid to know better.

This book, then, follows two girls who are very disenchanted with the world society is set up today — eventually they cross paths and work together, even if Marla’s fall made her be at the lowest strata in the creative industry.

It unfolds in a very elegant, very organic plot, even if the final conflict does miss a certain… bang. I do like the ending, a twisted, sad and bizarre reflection (can’t clarify without spoiling). I also quite enjoyed the suggested list of reading and research the target audience could search to inform themselves — I love books that teach me new things. This helped add an extra layer of love for the book — Hunger Games, Battle Royal and Divergent (okay, maybe _not_ Divergent) are fun to read but they feel like “something that would never happen”. They lack the punch to the gut of feeling “this could be our reality one day”. “Material Girls is much closer to our world, it already is, to a point. It makes the book much more poignant, much more “kick in the feels” because, in a way, it is already happening. And it is damn scary.

As for the low points, I wish, really, that Marla mother didn’t suffer from the “plot convenient volte-face”. She became a completely different person, at a drop of a hat because it was “convenient” to up the ante, when until then she had been a loving, understanding mother, and it wasn’t Marla’s fault AT ALL what was done. I wish she had been handled better as she went from fully supportive to screaming harpy for no reason. At least I’d wish I’d get some subtle warnings about her true personality before.

All in all, a damn fine read for any YAs (and some adults) out there who are not only interested in fashion for fashion, but would actually like to know more about the behind-the-scenes of how big fashion houses work, and maybe think of finding a career in that world.

Fangirl_15: So This Is What MetaFiction Looks Like

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(ARC copy given by NetGalley)
Author: Aimee Roseland
Publication:  8th July 2014
Review by Lady Entropy

Chloe is in love with Lucien.

He’s enigmatic, compassionate, generous and intelligent. Likes classical music just as much as kicking ass and knows his way around a kitchen, though he’d never admit it. He’s gorgeous yet humble and can’t see past his own scars.

The only problem is that Lucien is a character in a novel.

The Dark Riders is one of the best selling paranormal romance series of all time, and it was destined to have eight installments, one for each of the brothers-in-arms. Except the writer died. Worse yet, book seven was finished by some poser that thought killing off one of the main characters would bring a more modern twist to the finale.

Chloe is absolutely devastated by the news that one of her “friends” is dead and that the series is canceled. A midnight escape from the locked office lands her in a deserted parking lot after hours where an unseen force has been waiting.  This supernatural assault strands her in an alternate reality where the Dark Riders are real and the horrible ending created by the publisher hasn’t happened yet.

The greatest strength of this book is how meta it is: an almost obsessive fangirl of a famous romantic urban fantasy series (coughBrotherhoodoftheBlackDaggercough) lives a boring life, wishing she lived in the books she so much loves. Her favourite author dies, leaving another author nobody likes, to complete the series and ruining it forever. And, then, she wakes up inside her beloved series, and proceeds to impress everyone with her secret knowledge of the world, gets adopted into the family and a life of luxury, and ends up finding her amazing powers (and romance with her favourite male character (coughZsadistcough) and never being the victim ever again.

As far as wish-fulfillment fantasies go this is the typical one (a better life + superpowers + wealth + a clique + hooking up with favourite character + being seen as beautiful), but I actually found myself liking how it was pulled off. Now, I know a lot of readers will be turned off by what amounts to Brotherhood of the Black Dagger self-insertion fanfiction (let us not kid ourselves, it is what this is, to the point where I was already addressing the book characters by their BoTBD counterpart’s names in my head — despite the nod to the Dark Hunter series). However, it is still written in a way that I could not fault the writer for, and I still empathized with the main character – certain parts were heartwrenching (I can totally relate to seeing someone taking a favourite book series of yours, and handing it to someone who basically ruins it while desperately trying to get more money out of it – the Chronicles of Amber comes to mind.)

I think the author tapped into a very specific aspect of being a fan of a series of books and managed to put into words things that we all felt before, and that is, I feel, the strong suit of the book.

Ultimately, I think I would recommend this to BotBD fans, because if you take away that particular aspect of the novel, it ends up losing most of its entertaining value, and you miss most of the nods to the main series.